quinta-feira, 5 de março de 2009

Cegos conduzem outros cegos


Lembro que quando peguei emprestado o livro O nome da rosa, do escritor italiano Umberto Eco, no ano passado, uma boa parte dos professores da Universidade me pararam para dizer que o livro é excelente. De fato, logo no começo da leitura destaquei um trecho que chamou bastante a minha atenção:

"Os homens de outrora eram grandes e belos (agora são crianças e anões), mas esse fato é apenas um dos muitos que testemunham a desventura de um mundo que envelhece. A juventude não quer aprender mais nada, a ciência está em decadência, o mundo inteiro caminha de cabeça para baixo, cegos conduzem outros cegos e os fazem precipitar-se nos abismos..."

O trecho à cima citado bem poderia ser a introdução para explicar o rumo que segue a humanidade, porém o livro foi escrito em 1980.

Às vezes me bate um desespero diante das coisas que acontecem pelo mundo. Crises, degradação ambiental, catástrofes, guerras... Tanta morte desnecessária, tanta injustiça que me faz pensar seriamente se ainda teremos um futuro, ou se as coisas um dia irão se ajeitar.

A verdade é que tenho a impressão que a maioria das pessoas não estão dispostas a promover mudanças. Afinal quando alguém tem um pouco mais de coragem e se impõe perante as injustiças ouve logo "Você só pode ser maluco. As coisas são assim e ponto. Não adianta querer mudá-las."

De fato, somos cegos conduzindo outros cegos, cada qual achando que consegue ver mais que outro, porém com o mesmo destino pela frente: o abismo no qual cairemos sem sequer nos darmos conta.



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